terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Inspire-me, Blue

Não consigo mais escrever. É essa merda de twitter. De prolixo passei a breve. Em vez de argumentos tenho agora pequenas ideias aleatórias. Nem pra faculdade escrevi esse semestre. Tenho sorte pois escrevi muito antigamente. E, por isso, usei textos antigos pra passar de semestre. Como se fosse difícil passar de semestre na FAC. Mas tá difícil escrever. Desativei o blog por isso. Ativei agora pra tentar voltar. É mesmo culpa do twitter que cria manias. Economizo vírgulas e extrapolo pontos.

Mentira. Tudo mentira. Tudo desculpa. Eu só não tive vontade. Não tive vontade até esses dias. Porque nunca tinha visto olhos azuis tão provocantes. Azuis. Escuto um blues e lembro de ti, dos olhos azuis e do copo na mão. E do riso dissimulado. E da saia não comprida e não curta. E do tchau que não foi pra mim. Realmente, não é culpa do twitter. Então me siga lá. @flaubihoos. Preciso comer. E depois ver esses olhos azuis. Pena que não será hoje.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Antes de tudo

Quando acordei hoje, já não era mais de manhã. O ponteiro do meu relógio, leia-se celular, marcava 1:26 p.m. e o almoço estava pronto. Lembro aqui de uma das maiores vantagens em morar com alguém que saiba e goste ou sinta obrigação ou até que se sinta intimidado em cozinhar, comida não-congelada e macarrão não-instantâneo. Voltando, acordei e vesti minha calça de abrigo mais feia, minha camisa de manga comprida mais esgualepada e meu blusão mais embolado, só faltou uma meia furada mas aí lembrei que dia desses, acho que num sábado quando chovia, eu fiz uma limpa no meu guarda-roupas.

Você não é inocente, mas não é má. Achei que você era a revolução quando você era a guerra. A guerra fria, guerra santa, que não matou ninguém, mas deixou lesos, muitos lesos.

E quando as cores que circundam por aqui me fazem sorrir eu vejo que são 3 da manhã. Uma vez eu tinha medo desse horário, foi logo depois de eu ter assistido O Exorcismo de Emily Rose. Que bobagem, tudo que eu começava a mentalizar quando olhava para o rádio-relógio pouco antes das 3 era ele despertando sozinho ou coisa parecida, que bobagem, que adolescência.

Se eu uso óculos escuros quando falo contigo não é por medo de te encarar nos olhos, mas de que eles me entreguem. Talvez assim você não me pergunta por que meu olhar anda cansado e eu não precise te mentir pra não estragar a surpresa de que passei a noite passada inteira compondo canções de amor melosas que deixariam úmidas qualquer mulher da terceira idade fã de Roberto Carlos.

Amor, enxergo agora eu e você num filme. Eu sou o cara de braços tatuados, debilitado e com brinco na orelha que pede com todo o amor do mundo que você não morra comigo. Você é delicada, com um sorriso inocente e uma mente enorme, benévola, até demais, mesmo pra mim. Parecemos felizes, mas pra variar, eu destruo nosso lar.


Eu ainda morava longe de todos, ainda não tinha a noção do perigo, ainda não tinha voltado, ainda não tinha me arrependido, só aprendido.

Setembrino

Abri meu caderno e a única frase escrita em todo ele era “setembro, setembro negro”. E eu andei equivocadamente pensando que poderia ser um daquele mês que só servem para serem esquecidos sem antes rever os fatos. Ironicamente comecei a pensar como um mês que deve sempre ser lembrado, um mês de libertação, de crescimento perante o lado sórdido da vida.

Quinze dias antes ele chorava de rir, levava o afago do momento grudado no coração e jogou para as cobras o futuro. Já estamos no nono mês do ano, mas quando falam em 2009 ele só se lembra de um único mês, que ofuscou a todos os outros oito. Esqueceu de toda uma vida, mais de duas décadas, e concentrou toda a sua história e felicidade naquele mesmo mês, um longo mês de sossego e gozo.

E definitivamente não existe nada mais efêmero que o estado de uma alma. Agradeço a quem me criou, não tenho bem certeza se foram os deuses ou se foram simplesmente os espermatozóides de meu pai, mas seja quem for eu agradeço por te me deixado sempre com um presente brilhante que desguarnece um passado desagradável.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Útil Desagradável

Fiz um juramento junto com um amigo meu da época de segundo grau de que um dia iríamos transar com uma só mulher ao mesmo tempo. Fomos adiando nosso tratado e chegamos até a esquecê-lo por um tempo, mas quando surgiu a oportunidade eu, sempre muito franco, contei o que ia fazer para minha esposa, que sempre compreendeu minhas necessidades.

Ela me olhou profundamente e, com um sorriso seco me respondeu:
- Claro, meu amor. Como você adivinhou que eu sempre tive vontade de transar com dois homens?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Wagner!

Quatrocentos cruzeiros
a voz de dentro treme e bebe
a última vez que os dentes de alho cairam foi no verão
que verão
que inverno
muita água limpa
de fato nada tão limpo quanto natural

que cachoeira!
cristalina a sua fonte
cristalina a sua dona
loura ensolarada em olhares esmeraldinos num corpo nota mil

all you have to do
foi que eu não respirei mais no fim de semana
mas isto foi só em um dia
onde os grilos não se ouviram

notas? só musicais
do verde
do doce
e do zebu
pois o sol já não dorme
e nós dormimos menos que o sol

you can be the sinner and I'll be the sin
mesmo não existindo pecados
não quando tudo está liberTado

Sem data

Embaixo da tua saia foi meu lugar preferido
durante meses foi assim
e eu sujava teus lençóis enquanto lavava tua alma
e te comprei um mundo novo que fugia da juventude alienada

foi tudo vinho

um dia veio o asco e eu escorreguei
e no mesmo lugar em que te levei uma porção de vezes
tu me deixou secando na tormenta
sem unhas
e sem dentes

norte preto
leste preto
sul preto
oeste preto
sorriso branco, no fundo dos pensamentos
um sorriso branco
rindo, mas
não pra mim

ainda bem!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Debut

E então eles abriram as cortinas, mas ninguém ainda os viu

Pois o essencial, aquele invisível para os olhos, ocupava o palco inteiro


Depois ela entrou

E ele se perdeu no caminho de volta

Queria mais uma dose, mas o whisky tinha terminado


Estava dentro dos lábios dela.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Nova Conjugação e Conceito

Entrou em vigor dia 17 de junho de 2009 em votação no STF


Aproveitando o embalo da reforma ortográfica, nova conjugação:


Eu sou jornalista
Tu és jornalista
Ele é jornalista
Nós somos jornalistas
Vós sois jornalistas
Eles são jornalistas
Só quem não sabe ler e escrever não é jornalista



E um novo conceito:


jornalismo sm 1. A profissão do jornalista. 2. A imprensa jornalística. 3. Culinária, corte e costura.


Clique aqui se você não lê jornais

terça-feira, 16 de junho de 2009

Em prol do movimento dos anti-guarda-chuvistas

Certas ocasiões e certos dias bem chuvosos determinaram em minha sã consciência de que os guarda-chuvas não são nossos amigos, pelo menos não em sua totalidade. Anos e anos desprovidos desse tal protetor molhado fizeram-me não só desgostar de sua (in)utilidade como de criar mentalmente o movimento dos anti-guarda-chuvistas.

A última vez em que usei um guarda-chuva, já não me lembro mais quando foi, tamanha desilusão e decepção que este (in)utensílio me causou ao longo de minha vida. Quando pequeno, nunca usava, preferia voltar da escola correndo e protegido com as abençoadas marquises que compunham o caminho de casa. E hoje, já não volto mais da escola, volto da universidade, e já não corro mais nos dias chuvosos, apenas caminho. O único movimento da sinfonia que continua o mesmo é o de se proteger embaixo das já mencionadas abençoadas marquises, o reduto para nós membros do movimento, e que nos causa revolta quando um inimigo de guarda-chuva utiliza a marquise como segunda protetora da chuva que cai do céu. Eles invadem sem piedade nosso território, segurando firme o guarda-chuva no alto e caminhando por baixo das marquises, rente às lojas do centro, deixando nós indefesos, com a obrigação de sair debaixo de nossa proteção e pegar por um segundo a chuva incessante para não corrermos o risco de sermos atingidos pelas pontas metálicas que se transformam em armas quando se situam ao lado de nossos frágeis olhos.

Sempre que cai água, observo as pessoas que vão até o ônibus com seus guarda-chuvas e que ao sentarem no banco, umedecem as pernas, enquanto eu, também com o corpo úmido, mas sem um encosto molhado para ficar carregando de um lado para o outro. Já presenciei inclusive, quando chove cântaros e venta tufões, pessoas ensopadas embaixo do guarda-chuva, óbvio que é um caso à parte, entretanto prova que utilizar um objeto antiquado e deselegante em certas circunstâncias não passa de teimosia .

Como não é possível abolir o guarda-chuva, ao menos, deveria ter restrições quanto à sua utilização. Bem como não se estaciona veículo algum em faixa amarela, não deveria usar o (in)utensílio metálico embaixo das marquises, defendo essa causa para o bem do movimento e não abro.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Precisei de comprimidos em um dia de fevereiro

Desculpe, isso é uma emergência

Doutor, cadê você?

Eu quase tive um infarto

Doutor, cadê você?

Isso mexeu com a minha cabeça

Doutor, cadê você?

Doutor

Douto

Dout

Dou

Do

.

Dor

.

Dor

.

Dor

.

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um Estranho Pura-Vergonha

O cara entrou no ônibus na minha frente, óculos de grau, jaqueta de couro muito mais larga que o tronco e cabelo curto enrolado. Não tinha mais lugar para sentar, o ônibus já estava na penúltima parada do Campus e no horário de saída das aulas, passei a roleta e fiquei de pé, com a mão no puta merda. Na última parada antes de sair da universidade o cobrador soltou, rindo, o bordão “um passinho a frente aí pessoal”. Baita filho da puta, ao falar com escárnio por um momento eu desejei que entrasse um ladrão e apontasse um 38 no rim do motorista sem mulher.

Naquele ônibus lotado encontrei mulheres lindas que me olhavam, mulheres lindas que não me olhavam, mulheres simpáticas que correspondiam meus olhares e mulheres solteiras encalhadas que não tiravam os olhos de mim. Resolvi ir um pouco mais pra frente, pois estas são as piores, fugi delas e cheguei perto do cara. Diferente de mim, para ele ninguém olhava, nem ele mesmo tentava se olhar pelo vidro, passou o trajeto inteiro despercebido dirigindo seus olhos para o chão, cabeça baixa como se tivesse medo do mundo.

Quase perto da minha parada liberou um lugar na frente do cara, uma moça tinha se levantado para descer e sobrou o banco do corredor. No assento da janela tinha uma garotinha introspectiva, cara de querida, super quieta, super na dela. O assento ficou desocupado por aproximadamente um minuto e o cara não sentou, o ônibus continuava cheio, ainda havia aproximadamente umas 15 pessoas de pé e aquele cara não sentou com um banco na sua frente, talvez ele teve medo de ficar do lado de uma garota, foi a única coisa que eu pensei no momento depois de analisar os trejeitos do nerd. Ele parecia que não iria sentar mesmo quando uma mulher que estava atrás dele pediu licença, perguntou se ele ia sentar ou não, ele não respondeu, apenas abriu espaço para a mulher sentar.

Mais uma parada à frente e aconteceu a mesma coisa, ao lado do banco vazio ficou uma garota, ele não sentou, passei na frente e sentei, mesmo sabendo que já teria que levantar para descer. Naquele momento a minha cabeça já pensava que ele tinha problemas, tais como hemorróidas ou esfíncter frouxo, mas antes de eu terminar meu pensamento a respeito do cara, um sujeito idoso levantou do assento, aqueles assentos únicos e o cara rapidamente tomou o lugar do velhote. Sentou porque não tinha ninguém do lado, não haveria de ter, óbvio, entretanto permaneceu o tempo inteiro de pé apenas por vergonha de dividir o lugar com alguém desconhecido.

Há mais pessoas assim na cidade do que a gente imagina, os antônimos dos sem-vergonhas, são os pura-vergonhas que possuem aquela timidez doentia ou talvez nem seja isso, de repente é um ódio mortal da sociedade e das pessoas, misantropia aguda, ou receio de mulheres, não sei ao certo, achei melhor descer daquele refrigerador ambulante e ir pra casa me esquentar na frente da lareira, porém no meio do caminho me lembrei que não tinha lareira. Que merda.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

( 3 )

O mesmo filme e a vigésima refilmagem ou mais

Onde está a loucura necessária para camuflar as frivolidades do falso amor boêmio? Todas as cabeças amam, de diferentes formas, algumas conquistam e outras destroem, mas não importa, é sempre amor, mesmo pecando.

terça-feira, 21 de abril de 2009

05:39

Esses caras passavam a noite em farra com seus olhos cansados, tentando esquecer relacionamentos mal resolvidos no fundo dos copos. Conheci centenas deles, enxugavam sem parar, falavam desordenadamente sobre qualquer assunto que aparecia na cabeça e só cessavam quando alguém lhe pagava algo ou quando o garçom exercia o poder das botas de couro em seus dorsos. Mesmo assim, não paravam por aí, discursavam infinitamente em frente ao público, esperando alguma resposta ou alguma consideração, não levavam nada, apenas olhares de pena.

Possuíam a falsa convicção de que conseguiam controlar a mente e o coração das pessoas com o estalar dos dedos, e mesmo quando tal ação não procedesse, não desistiam e pensavam que isso tratava-se apenas de má sorte ou um descaso do destino.

Durante a noite falavam “foda-se, eu sou auto-suficiente, um puto de um auto-suficiente”. De manhã recitavam poesias para mulheres que sequer o queriam ver pela frente. Pela tarde, dormia como um carneiro, e pela noite chorava em todos os cantos antes de iniciar mais uma interminável e embaraçosa noite de farra.

Pessoas assim eu conheci e muito, mas prefiro guardar meus comentários sobre elas, pois a auto-flagelação os corrompeu e transformou seus berços em caixas de madeiras que situam-se a sete palmos do chão. Jazz in peace, John Coltrane.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Are you Georgexperienced?

Diga que não é o Jimi Hendrix que fura suas orelhas com o ácido de uma fender stratocaster. Well I just can’t say ele canta rouco e em um segundo eu já concordo com uma única frase que foi cantada para fazer sentido a todas as pessoas assim, feito eu, feito você, feito nosso tio que quando novo caiu de bicicleta na frente da casa da garota que amava.

Tem o desenho de última folha de caderno na parte de trás do meu violão, há riscos formando palavras inexistentes, desenhos infantis e uma mancha de chocolate meio amargo que mora ali desde a páscoa passada. A frente está intacta, não se enxerga um único arranhão ou batida, mesmo que com lentes de aumento, além disso, as cordas estão novas, são importadas e custam cerca de 1/3 da minha ríspida e escassa mesada. Eu trocaria as tarraxas, estão meio oxidadas, porém a afinação continua perfeita, tudo idêntico ao primeiro dia em que a vi. Mentira, eu não trocaria as tarraxas.

Perdi milhares. Meu sobrinho. Esqueceu o freio. A bicicleta chocou-se. Eu tocava, sentado. Acho que era The Losing End. Tinha sol na minha testa. Ele andava muito rápido. Mas eu usava óculos escuros. Uma música do Neil Young. Vendo óculos novo para consertar o violão que George Harrison me deu.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Manhã de fevereiro

canivete suíço
amplificador
bússola
luneta
sol

bati tudo no liquidificador

timothy leary
woody allen
the beatles
kerouac
dalí

em mosaicos sem molduras

ventania
sabores
aromas
cores
sons

potencializando os meus sentidos

garota
garota
garota
garota
garota

assassinando o meu sono

( 2 )

Está sozinho? Ligue a TV. Só não se surpreenda se você, com o passar do tempo, se transformar em um robô.