terça-feira, 16 de junho de 2009

Em prol do movimento dos anti-guarda-chuvistas

Certas ocasiões e certos dias bem chuvosos determinaram em minha sã consciência de que os guarda-chuvas não são nossos amigos, pelo menos não em sua totalidade. Anos e anos desprovidos desse tal protetor molhado fizeram-me não só desgostar de sua (in)utilidade como de criar mentalmente o movimento dos anti-guarda-chuvistas.

A última vez em que usei um guarda-chuva, já não me lembro mais quando foi, tamanha desilusão e decepção que este (in)utensílio me causou ao longo de minha vida. Quando pequeno, nunca usava, preferia voltar da escola correndo e protegido com as abençoadas marquises que compunham o caminho de casa. E hoje, já não volto mais da escola, volto da universidade, e já não corro mais nos dias chuvosos, apenas caminho. O único movimento da sinfonia que continua o mesmo é o de se proteger embaixo das já mencionadas abençoadas marquises, o reduto para nós membros do movimento, e que nos causa revolta quando um inimigo de guarda-chuva utiliza a marquise como segunda protetora da chuva que cai do céu. Eles invadem sem piedade nosso território, segurando firme o guarda-chuva no alto e caminhando por baixo das marquises, rente às lojas do centro, deixando nós indefesos, com a obrigação de sair debaixo de nossa proteção e pegar por um segundo a chuva incessante para não corrermos o risco de sermos atingidos pelas pontas metálicas que se transformam em armas quando se situam ao lado de nossos frágeis olhos.

Sempre que cai água, observo as pessoas que vão até o ônibus com seus guarda-chuvas e que ao sentarem no banco, umedecem as pernas, enquanto eu, também com o corpo úmido, mas sem um encosto molhado para ficar carregando de um lado para o outro. Já presenciei inclusive, quando chove cântaros e venta tufões, pessoas ensopadas embaixo do guarda-chuva, óbvio que é um caso à parte, entretanto prova que utilizar um objeto antiquado e deselegante em certas circunstâncias não passa de teimosia .

Como não é possível abolir o guarda-chuva, ao menos, deveria ter restrições quanto à sua utilização. Bem como não se estaciona veículo algum em faixa amarela, não deveria usar o (in)utensílio metálico embaixo das marquises, defendo essa causa para o bem do movimento e não abro.

2 comentários:

Bruno Philippsen disse...

Eu gosto de guarda-chuvas. Mas não uso embaixo de marquises. Dá azar! hehehhehe! Baita texto meu!

Adriana Gehlen disse...

Eu sempre uso embaixo de marquises. Foi mal.

Adorei a visão. Visão de homem que não se preocupa com o cabelo, e deixa a chuva delícia cair.