segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Bendita Ignorância (do próximo)

Hoje, no meio da manhã, por volta das 10 horas, fui ao hospital visitar minha irmã que está internada lá desde sábado fazendo uns exames neurológicos. Os quartos do hospital não possuem tv a cabo, mas para que tv a cabo em um leito de mulher se existe a Rede TV!? Estava conversando com ela enquanto passava aquele tradicional programa das celebridades. No início estava interessante de certa forma, mostrando algumas notícias sobre cinema, mas foi um momento efêmero. Imediatamente foi ao ar uma reportagem delicadamente pormenorizada sobre a morte do ex-marido-aspirador-nariznervoso da Susana Vieira.

Falta de cabimento, assunto ou visão de mundo se importar tanto com a vida de pessoas famosas, ou no caso, pseudo-famosas? É falta de consciência alimentar a frivolidade das pessoas que ainda não se encontraram e necessitam falar dos outros por não se conhecerem profundamente através da imprensa. Outro requisito para trabalhar no ramo, o repórter (?) do sexo masculino, biologicamente, apenas biologicamente falando, possuía naturalmente. Com sua voz “falsetada” e delicada, um escárnio esnobe e um tom blasé, discorreu a reportagem (disparate?) durante intermináveis minutos, fazendo com que eu achasse aquele quarto de hospital a maior chateação do momento. Falei “que absurdo perderem tempo com isso” e ninguém me deu bola, estavam atentos demais à Semp Toshiba de 14 polegadas com imagem chuviscada.

Não bastasse simplesmente o teor da balela ser entupido de futilidades, o linguajar e as indagações do repórter biologicamente masculino beiravam horas ao absurdo, horas ao burlesco. Quem são eles para diagnosticar e prognosticar relacionamentos? Por que é tão absurdo uma mulher se casar com alguém vários anos mais novo? Estas pessoas que convivem nesse meio em pleno século 21 não adoram falar que são modernas, que o conservadorismo é coisa senil e que devemos ter mentes abertas? Hipócritas! Burros! Mesquinhos! Têm o poder de formar opiniões a milhões de telespectadores brasileiros, mas não possuem nem conceitos e ideologias próprias, se contradizem com as próprias palavras.

Chega a ser gratificante pra mim, pois pessoas como essas reforçam meu egoísmo, minha megalomania, meu pedantismo e, conseqüentemente, minha auto-satisfação. Abençoados sejam os misantropos, os nômades, os monges, os solitários guardas-florestais e as pessoas como eu, como você, que se recusam a sujar as mãos com pessoas deste porte pelo singelo fato de acharem que a ignorância alheia é uma estupenda maravilha para o ego.