segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Setembrino

Abri meu caderno e a única frase escrita em todo ele era “setembro, setembro negro”. E eu andei equivocadamente pensando que poderia ser um daquele mês que só servem para serem esquecidos sem antes rever os fatos. Ironicamente comecei a pensar como um mês que deve sempre ser lembrado, um mês de libertação, de crescimento perante o lado sórdido da vida.

Quinze dias antes ele chorava de rir, levava o afago do momento grudado no coração e jogou para as cobras o futuro. Já estamos no nono mês do ano, mas quando falam em 2009 ele só se lembra de um único mês, que ofuscou a todos os outros oito. Esqueceu de toda uma vida, mais de duas décadas, e concentrou toda a sua história e felicidade naquele mesmo mês, um longo mês de sossego e gozo.

E definitivamente não existe nada mais efêmero que o estado de uma alma. Agradeço a quem me criou, não tenho bem certeza se foram os deuses ou se foram simplesmente os espermatozóides de meu pai, mas seja quem for eu agradeço por te me deixado sempre com um presente brilhante que desguarnece um passado desagradável.

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