terça-feira, 21 de abril de 2009

05:39

Esses caras passavam a noite em farra com seus olhos cansados, tentando esquecer relacionamentos mal resolvidos no fundo dos copos. Conheci centenas deles, enxugavam sem parar, falavam desordenadamente sobre qualquer assunto que aparecia na cabeça e só cessavam quando alguém lhe pagava algo ou quando o garçom exercia o poder das botas de couro em seus dorsos. Mesmo assim, não paravam por aí, discursavam infinitamente em frente ao público, esperando alguma resposta ou alguma consideração, não levavam nada, apenas olhares de pena.

Possuíam a falsa convicção de que conseguiam controlar a mente e o coração das pessoas com o estalar dos dedos, e mesmo quando tal ação não procedesse, não desistiam e pensavam que isso tratava-se apenas de má sorte ou um descaso do destino.

Durante a noite falavam “foda-se, eu sou auto-suficiente, um puto de um auto-suficiente”. De manhã recitavam poesias para mulheres que sequer o queriam ver pela frente. Pela tarde, dormia como um carneiro, e pela noite chorava em todos os cantos antes de iniciar mais uma interminável e embaraçosa noite de farra.

Pessoas assim eu conheci e muito, mas prefiro guardar meus comentários sobre elas, pois a auto-flagelação os corrompeu e transformou seus berços em caixas de madeiras que situam-se a sete palmos do chão. Jazz in peace, John Coltrane.

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