segunda-feira, 26 de novembro de 2007

26 de Novembro

É impossível se lembrar de todos as datas do ano, são 365 dias, a maioria deles comuns, a maioria deles passam despercebidos pela rotina em que todos vivemos. Eu só costumo lembrar das datas mais importantes mesmo, aniversários de parentes e feriados, porém há 2 anos atrás o dia de hoje, 26 de novembro, passou a ter um significado especial, mesmo não ter sido proclamado nenhum feriado e nem ter nascido algum primo, irmão ou qualquer outro parente meu.

No dia 26 de novembro de 2005 eu assistia em casa com meu pai, Grêmio e Náutico, um jogo que eu acreditava que seria fácil, um jogo em que certamente o Grêmio, meu time do coração, voltaria para a primeira divisão do futebol brasileiro, lugar do qual nunca deveria ter saído. A partida já tinha sido iniciada e mesmo vendo um futebol digno de várzea eu mantinha a certeza que aquele era um jogo ganho, quase que para cumprir tabela, jamais passou pela minha cabeça mesmo que por um milésimo de segundo que meu time não subiria para a primeira divisão.

Era um ensolarado dia de sábado, eu vestindo uma camiseta do Grêmio de 1995 que me lembrava dos tempos gloriosos do tricolor gaúcho. Nem me dei ao trabalho de sair para ver o jogo na rua ou ficar com a visão fixada na televisão fazendo mandinga, a certeza que o Grêmio venceria era absoluta, posso dizer que comecei a assistir displicentemente a partida. Então, ainda no primeiro tempo, um pênalti a favor do Náutico, foi o primeiro dos muitos sustos e apavoramentos que aquele dia me causou. A partir daquele momento comecei a assistir com mais atenção ao jogo, encarei o jogador do Náutico como se eu estivesse prestes a presenteá-lo com uma maquiagem de cor roxa em seu olho, e deu certo. O jogador da equipe pernambucana chutou a bola na trave e eu dei o meu primeiro pulo dos incontáveis, inumeráveis e insaciáveis pulos do sábado.

O primeiro tempo tinha acabado, o jogo permanecia 0 a 0 e eu ainda me mantinha tranqüilo, com a cabeça no lugar, com a mesma certeza absoluta de que o Grêmio venceria a partida. Assisti o segundo tempo pedindo a cabeça do então treinando do Grêmio, Mano Menezes. O time não jogava nada, demonstrava um futebol vergonhoso, enquanto o Náutico perdia chance atrás de chance de abrir o placar, e o técnico gremista deixava o craque do time, o jovem e desconhecido Anderson no banco de reservas. Não entendia como um treinador poderia ser tão cabeça dura a ponto de deixar o que tem de melhor fora do jogo, até que sua teimosia teve fim e ele colocou o guri para jogar.

O jogo começou a se tornar um pesadelo quando o lateral-esquerdo chileno Escalona foi expulso, por volta dos 30 minutos do segundo tempo. Ainda acreditava, mesmo com o Grêmio sendo sufocado pelo Náutico. O lance do jogo que fez com que meu mundo parasse aconteceu quase aos 40 minutos da etapa complementar. O jogador do Náutico chutou e a bola bateu no cotovelo do volante gremista Nunes, que estava na frente da área e o árbitro interpretou o lance como pênalti. Depois disso eu não soube o que fazer, a sorte de meu televisor de 20 polegadas com vídeo embutido foi que o que eu estava segurando e voou de encontro ao televisor era uma almofada e não algo pesado. Assisti ainda expulsão do Patrício e do Nunes que agrediram o juiz e logo em seguida do Domingos que jogo a bola para longe. Era o pior dos terrores, eu quando era criança era atormentado pelos filmes do Freddy Krueger, mas naquele momento o terror foi muito maior, aquele não se tratava de um jogo qualquer, nem mesmo de uma decisão, era uma vida, o tricolor de jeito nenhum poderia permanecer por mais um ano na segunda divisão, o time começaria a decair, e sabe lá quando subiria de novo à elite.

A partida permaneceu paralisada durante 25 minutos, corria boatos de que o Grêmio ia se retirar de campo e não deixaria o Náutico bater o pênalti, enfim, houve de tudo, e enquanto isso eu assistia àquele aglomerado de pessoas dentro do campo discutindo sem resolver a situação. E então se tomou a decisão final, o Náutico bateria o pênalti e o Grêmio com 4 jogadores a menos voltaria ao campo. Depois que a realidade voltou ao normal, eu sentei na minha cama, abracei e apertei outra almofada e mentalizei: “Pega Galatto”. Quando o jogador partiu para a cobrança e eu vi que a bola não entrou eu descontei novamente minha ira na coitada da minha televisão e saí correndo, pulando, gritando, berrando, possuído por alguma coisa que eu não sei dizer. Fui para a sacada, gritei, mandei meus vizinhos colorados do andar de cima que estavam fazendo festa lá para aquele lugar e tudo mais. Ouvi na seqüência meu pai gritando “gol do Grêmio”, cometi um ato de desrespeito, mandei-o calar a boca e parar de tirar sarro, então ele me chamou para ver o replay e eu não acreditei quando eu vi. O garoto de 17 anos, Anderson, que ficou quase a partida inteira na reserva fez o gol da vitória e da volta do tricolor para a primeira divisão.

Depois disso eu passei a lembrar de mais datas importantes e marcantes durante o ano, lembro dos aniversários, dos feriados e claro lembro do 26 de novembro, jamais poderia esquecer esse dia.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A odisséia de morar sozinho: Prólogo

Sou um magro adolescente - por vezes pré-adolescente - de dezenove anos, quase vinte. Há um pouco mais de um ano eu comecei a atravessar as ruas mais depressa, isso por que saí da capital, fui para o interior e depois me aprofundei mais ainda no interior do Estado, recém tinha passado - por méritos pois estudei cerca de uma hora por semana - no vestibular.


Na primeira semana morando sozinho eu já não podia mais almoçar em casa, a pia estava congestionada e faltavam pratos e talheres limpos, então eu fui pela primeira vez a um restaurante, e de lá não saí mais. Bom, tive que sair por volta das onze da noite quando estavam fechando o local, me acharam no banheiro masculino sentando na privada fumando e ouvindo Bob Dylan. Minha primeira lição da odisséia de morar sozinho: Usar pratos descartáveis.


Só uso meias da cor cinza, é um costume que eu tenho desde criança, minha mãe sempre comprava meias cinza porque estavam todos os dias em liquidação e eu acabei me habituando, toda a vez que eu olho pro meu pé já enxergo cinza. Então na segunda semana fui obrigado a comprar uma vassoura pois já estava confundindo minhas meias com o piso, tudo na maior normalidade. Isso me fez passar o fim de semana inteiro pensando se valeria a pena arrumar um emprego, algo não muito desgastante, e contratar uma empregada para limpar e melhorar meu ambiente. Pensei demais e acordei na segunda-feira de manhã atrasado para a aula, deixei por isso mesmo.


C
omecei a fumar aos catorze, parei nos dezesseis e voltei aos dezessete. Até hoje foram incontáveis tentativas de deixar o cigarro, porém com a frustração que padeceu em minha cabeça decidi parar de parar. O pulmão é meu e eu já subornei um cirurgião para ganhar um novo em no máximo quinze anos. Mas fumar custa caro, corrói mais o bolso do que a respiração, por isso tive que começar a me acostumar a viver sem comer bolachinha recheada.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sabedoria do Tio Orkut

Sorte de hoje: O vício de hoje pode se tornar a virtude de amanhã

Orkut sábio, alcoooolissmo nunhjjka ffoi ]e nnuncca zeráã uuüm prrronbboblemaaaaa

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Amor, nerd amor

- Não me trata assim, por favor! Eu te dou o emule, o msn e o linux que tu quiser!

- Grr seu idiota, eu odeio o emule! Prefiro torrent! Sempre preferi torrent!

Depois dessa declaração ele voltou pra casa desiludido, como se um vírus tivesse penetrado em seu sistema e destruído todos os seus bytes de amor. Tinha certeza absoluta de que ela era louca pelo emule, e quando soube do contrário viu que ambos não tinham nada em comum.


- Foda-se! Vou limpar meu disco e não vou fazer nenhum backup!


Chegou em casa e livrou-se de todas as coisas que faziam com que se lembrasse dela. Começou apagando os logs e terminou formatando o computador.

domingo, 4 de novembro de 2007

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Would you believe in a love at first sight?

Quando eu era menor, devia ter uns 4 ou 5 anos fui pela primeira vez a um casamento. Eram as bodas de um tio da minha mãe, que devia ter uns 40 anos.

Nesse casamento foi quando pela primeira vez um olhar com uma garota se tornara diferente. Não foi meu primeiro amor, mas foi aonde eu percebi que as garotas podiam ser bem mais divertidas de outra forma. Eu a olhava com intensidade e ela me retribuía os olhares, então demos as mãos e entramos na Igreja à frente dos noivos.

Lá dentro, nós continuávamos a nos olhar, de forma apaixonante para os mais velhos presentes na cerimônia, até mais apaixonantes que os próprios noivos, permanecendo de mãos dadas. Daria um longa-metragem. Mas isso não foi nada perto do que eu conheci depois no mesmo dia.

Entrei no clube onde foi feita a festa de casamento com meus pais. Não lembro da comida, nem de nada, apenas que após a valsa uma música começou a tocar e eu levantei da cadeira. Meus ouvidos nunca foram tão bem tratados como daquela vez, eu estava ouvindo em outra freqüência e pensando em outros planetas. Não entendia nada do que aquelas vozes queriam dizer, mas elas eram tão bem elaboradas, tão bem afinadas para os meus ouvidos que me assustei com a monstruosidade de seus timbres.

Mesclando essas vozes com um ritmo magnífico, empolgante e até dopante, observei as pessoas dançarem uma na frente das outras, sorrindo, cantando, com os olhares tão compenetrados, inventando novos passos que eu nunca tinha visto. Permaneci de pé, paralisado, até ela acabar, conhecendo meu verdadeiro primeiro amor. Foi a primeira vez que eu escutei Twist and Shout.