quinta-feira, 28 de junho de 2007

Neblina, Herby e Correria

Já passava das 8 horas da noite e fazia um frio do cão. O chão frio resfriava meu pé inteiro, levemente coberto por uma lona azul mais conhecida como allstar, o vento gelado cortava meu nariz, rasgava minha orelha e ressecava minha boca, e mais o sereno que caía lentamente sobre mim deixando meu cabelo ainda mais oleoso me fez chegar a uma conclusão de que preciso comprar uma toca, só luvas não basta.

Estava encaminhado já, friozinho, caminhada, pensamentos e uma longa reta escura em minha frente. Andei mais alguns passos e não tardou pra surgir no meio da escuridão um fusca apanhando de um cara. Fiquei com pena do fusca, acho um carrinho bem simpático, eu teria um sem problemas.

Mal pisquei os olhos e eu estava quase em cima do fusca. Dei uma observada daquele jeito como não querendo nada com nada, até ouvir “E aí bruxo”. A primeira coisa que me veio na cabeça foi “puta que pariu”.

- Opa! – retorqui já à alguma distância.
- Pode me dar uma mão aí bruxo?
- ...
- Ei, de boa!
- Bah velho! Tenho que correr resolver uns negócios agora. To atrasado.
- É rapidinho. Tranquei meu carro com a chave dentro e agora não consigo abrir.
- Já te ajudo meu. Mas preciso descer aqui a rua antes. De boa.
- Bah se fez né!

Então eu apertei o passo e continuei andando em meio à neblina, enxergando apenas alguns palmos à minha frente, crente que quando eu voltasse o magrão já teria desistido ou levado o carro embora. Cheguei na casa de uns amigos e demorei. Mas demoreeeeei. Só não fiquei pra janta por que simplesmente não tinha janta aquela noite. Então voltei.

A neblina tinha apertado e a garoa se desenvolvia, pronta pra me render uma gripe na manhã seguinte, logo apertei mais ainda o passo, por que frio, chuva e renite não combinam. Acelerando e andando quase que em marcha atlética, avistei denovo o cara do fusca. Mas dessa vez pensei “ih fudeu!” E de fato foi isso que aconteceu mesmo, avistei não só o espancador de fuscas como mais dois gajos com aparências de personas non gratas.

Consegui atravessar a rua sem que notassem que eu tava ali, quase do lado deles, quase sendo cúmplice de um furto de um herby creme. Quando olhei para trás e só vi a cerração respirei aliviado, mas não deu tempo de contar até três.

- Ta ali o piá que foi resolver uns negócios. Quero saber que negócio é esse!

Quando eu ouvi isso, pernas pra que te quis. A única idéia que me veio na cabeça no momento foi correr pra longe dali, já não costumo brigar com uma pessoa, imagine então três. Corri demais, feito louco,como se seu estivesse fugindo de um leopardo, todo torto, deslizando pelo paralelepípedo úmido, sufocando pra não gritar, pois pareceria muito fraco se eu gritasse. Eu tava numa situação paradoxal, enquanto fugia com medo, de três maltrapilhos, me negava a pedir ajuda ou algo que o valha para não parecer cagão. Como eu mencionei, corri como se estivesse fugindo de um leopardo e finalmente cheguei em casa sem ningém me ver graças à neblina, me joguei embaixo de dois ou três cobertores e dormi até agora. Foi um daqueles minutos que duram horas pra passar.

Mundo moderno não é fácil. Mas que nada, estou vivo!


Humor: Cinza

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