terça-feira, 20 de novembro de 2007

A odisséia de morar sozinho: Prólogo

Sou um magro adolescente - por vezes pré-adolescente - de dezenove anos, quase vinte. Há um pouco mais de um ano eu comecei a atravessar as ruas mais depressa, isso por que saí da capital, fui para o interior e depois me aprofundei mais ainda no interior do Estado, recém tinha passado - por méritos pois estudei cerca de uma hora por semana - no vestibular.


Na primeira semana morando sozinho eu já não podia mais almoçar em casa, a pia estava congestionada e faltavam pratos e talheres limpos, então eu fui pela primeira vez a um restaurante, e de lá não saí mais. Bom, tive que sair por volta das onze da noite quando estavam fechando o local, me acharam no banheiro masculino sentando na privada fumando e ouvindo Bob Dylan. Minha primeira lição da odisséia de morar sozinho: Usar pratos descartáveis.


Só uso meias da cor cinza, é um costume que eu tenho desde criança, minha mãe sempre comprava meias cinza porque estavam todos os dias em liquidação e eu acabei me habituando, toda a vez que eu olho pro meu pé já enxergo cinza. Então na segunda semana fui obrigado a comprar uma vassoura pois já estava confundindo minhas meias com o piso, tudo na maior normalidade. Isso me fez passar o fim de semana inteiro pensando se valeria a pena arrumar um emprego, algo não muito desgastante, e contratar uma empregada para limpar e melhorar meu ambiente. Pensei demais e acordei na segunda-feira de manhã atrasado para a aula, deixei por isso mesmo.


C
omecei a fumar aos catorze, parei nos dezesseis e voltei aos dezessete. Até hoje foram incontáveis tentativas de deixar o cigarro, porém com a frustração que padeceu em minha cabeça decidi parar de parar. O pulmão é meu e eu já subornei um cirurgião para ganhar um novo em no máximo quinze anos. Mas fumar custa caro, corrói mais o bolso do que a respiração, por isso tive que começar a me acostumar a viver sem comer bolachinha recheada.

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